Ver Deus No Eclipse
E aconteceu. O Grande Eclipse Solar Norte-Americano de 2024 ocorreu e, onde o tempo permitiu, milhões de observadores ao longo de seu caminho tiveram imagens celestiais incríveis.
Embora muitos estivessem entusiasmados com esse evento celestial, o eclipse também provocou um discurso apocalíptico entre muitos cristãos, inclusive alguns católicos (que deveriam ser mais esclarecidos). Alguns disseram que seria o sinal de uma nova guerra, ou talvez do Fim dos Tempos, com o Eclipse dando início aos Três Dias de Escuridão.
Outros ligavam o fato ao documento que veio a ser divulgado no dia 8 de abril sobre a dignidade humana pelo Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), sugerindo que o eclipse é um sinal de desaprovação dos Céus.
Isso é um absurdo. Os eclipses solares acontecem o tempo todo; em média, há um eclipse solar em algum lugar da Terra a cada 18 meses. É verdade que os eclipses que se repetem em um lugar específico são muito mais raros, acontecendo apenas uma vez a cada 400 anos, mas é ser altamente afixionado pelos Estados Unidos pensar que esse eclipse em particular tem um significado especial que todos os demais não tiveram.
No entanto, esse eclipse aponta para Deus e Sua magnificência, se tivermos olhos para ver (por falar nisso. São Paulo nos diz que "Sua realidade invisível — seu eterno poder e sua divindade — tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas" (Romanos 1, 20). Como toda a Criação, esse eclipse nos diz algo sobre o Criador, ou seja, que Ele se deleita em nos surpreender com Sua Divina Criatividade.
Considere um eclipse solar total, quando, de certos pontos de observação na Terra, a lua bloqueia exatamente a totalidade do sol, escurecendo o céu e fazendo o sol "desaparecer", exceto por sua coroa (a parte mais externa superaquecida da atmosfera do sol, que só pode ser vista por olhos humanos durante um eclipse). Observei acima que um eclipse solar não é incomum na Terra, mas é incrivelmente incomum em nosso sistema solar. De fato, a Terra é o único planeta em nosso sistema solar (incluindo Plutão!) que experimenta eclipses solares totais.
A singularidade dos eclipses solares na Terra se deve a dois fatores aparentemente aleatórios. Primeiro, o sol é cerca de 400 vezes maior que a lua. Em segundo lugar, o sol também está cerca de 400 vezes mais distante da Terra do que a lua está da Terra. Devido a essa coincidência, a lua aparece aos nossos olhos com aproximadamente o mesmo tamanho no céu que o sol, o que significa que ela cobre o sol durante um eclipse. Nenhum outro planeta tem essa proporção direta entre o sol e uma de suas luas.
Chamei isso de "aleatório" e "coincidência", mas não acredito realmente nisso. Acho que esses corpos celestes foram intencionalmente projetados dessa forma pelo Grande Criador para nosso prazer e entendimento. As pessoas que vivenciaram eclipses solares em primeira mão geralmente relatam que se trata de uma experiência espiritual. Infelizmente, às vezes, isso pode ter conotações de Nova Era, mas, se for bem compreendido, um eclipse pode ser uma experiência espiritual legítima, pois revela nossa pequenez diante do universo e a grandeza Daquele que o projetou para nós. Como disse Albert Einstein, "A coincidência é a maneira de Deus permanecer anônimo", e a "coincidência" do tamanho e da distância do sol e da lua tem a caligrafia de Deus por toda parte.
A natureza ordenada de todos os eclipses também aponta para Deus. Normalmente, uma das primeiras perguntas que uma criança faz quando lhe dizem que um eclipse está chegando é: "Como sabemos?" É uma boa pergunta: como é possível que existam sites que mostrem exatamente quando e onde - até o minuto e a métrica - um eclipse acontecerá? Não se trata de adivinhação; é devido à natureza ordenada, até mesmo matemática, da criação de Deus.
Um universo ordenado é o pressuposto fundamental da ciência. De fato, se o universo não for ordenado, toda a ciência não terá sentido. Se eu executar um experimento controlado duas vezes com exatamente os mesmos parâmetros, ele sempre, sem exceção, apresentará o mesmo resultado. De fato, sei com certeza que se os resultados forem diferentes, então pelo menos um parâmetro era diferente. Essa suposição aponta para uma ordem no universo, uma ordem que não aconteceu por acaso, mas assim projetado.
Os corpos celestes estão vinculados às leis ordenadas da gravidade: corpos menores são atraídos por corpos maiores e, portanto, a Terra gira em torno do sol e a lua gira em torno da Terra. É isso que leva aos eclipses. Essas revoluções são ordenadas com precisão e até mesmo elegantes. Isaac Newton descobriu que a força de atração gravitacional entre duas massas pontuais é diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância de separação. Do ponto de vista matemático, isso é surpreendente - não há motivo para a gravitação funcionar de maneira tão simples. No entanto, ela funciona, apontando novamente para um Grande Projetista.
Além da elegância e da beleza de todos os eclipses, o eclipse de 8 de abril teve outra "coincidência" para aqueles que o vivenciaram. Devido ao fato de o dia 25 de março ter caído durante a Semana Santa, a Festa da Anunciação deste ano foi transferida para o dia 8. Isso significa que, quando muitos de nós fomos "cobertos com a sombra" do eclipse, estávamos celebrando o poder do Altíssimo ao " cobrir com Sua sombra" Maria (Lucas 1, 35). Embora eu não dê a essa congruência um significado teológico ou escatológico profundo, ainda podemos pensar nela como um dos presentes "anônimos" de Deus.
Todas as atividades celestiais, inclusive os eclipses solares, levam algumas pessoas a acreditar que o homem é insignificante em comparação com o universo. Os ateus gostam de observar que a Terra é simplesmente um pálido ponto azul no universo que se expande, menos significante do que um único grão de areia em uma praia enorme. Mas eles veem as coisas ao contrário. A verdade é que o universo, com seus trilhões de galáxias, cada uma contendo trilhões de estrelas e com planetas incontáveis, é insignificante em comparação com o Deus Todo-Poderoso. No entanto, esse mesmo Deus tem um interesse pessoal em cada um de nós. A vastidão do universo demonstra não apenas o poder e a imensidão de Deus, mas também Seu amor por nós.
Assim, na proxima oportunidade que você tiver de ver um eclipse em sua totalidade, lembre-se de que Deus criou o Sol, a Lua, a Terra e todo o universo para nos revelar Sua majestade. Visto dessa forma, o eclipse ocorrido será uma verdadeira "apokálypsis", ou revelação, de nosso Criador.
Autor: Eric Sammons
Original em inglês: Crisis Magazine