Unção Dos Enfermos: Um Sacramento De Fé, Cura E Paz
Vivemos em uma sociedade onde há um grande medo de adoecer e sofrer, como demonstram a resposta ao coronavírus e a legalização do suicídio assistido. Uma maneira de diminuir esse medo entre os católicos é torná-los mais conscientes de que existe um sacramento que pode fornecer graças para permitir que um doente seja curado ou esteja preparado para morrer e estar com Deus, de acordo com a vontade de Deus para ele ou ela. Saber que o Sacramento da Unção dos Enfermos está disponível se ficarmos gravemente doentes deve nos dar confiança de que, aconteça o que acontecer, Deus nos dará as graças de que precisamos.
A Unção dos Enfermos foi instituída por Jesus quando deu aos Seus Apóstolos o poder de curar as pessoas. O Evangelho de São Marcos nos diz que os Apóstolos "ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam" (Marcos 6,13). O sacramento era administrado na Igreja primitiva de maneira semelhante à de hoje. Em sua epístola São Tiago escreveu: "Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, lhe serão perdoados" (Tiago 5, 14-15).
A Igreja recomenda que os católicos recebam a Unção dos Enfermos quando estiverem em perigo de morte por doença ou velhice, ou antes de uma operação grave. Em cada uma dessas situações, uma pessoa pode sentir medo ou ansiedade. Receber o sacramento lhe dará a cura espiritual, o aumento da fé, a paz e a força necessárias para suportar o sofrimento. O Catecismo da Igreja Católica ensina que: "Pela graça deste sacramento, o enfermo recebe a força e o dom de se unir mais intimamente à paixão de Cristo: ele é, de certo modo, consagrado para produzir frutos pela configuração com a paixão redentora do Salvador." (1521). Assim como os membros da Igreja estão rezando pelo doente, ele está ajudando os outros por meio de seu sofrimento. "Ao celebrar este sacramento, a Igreja, na comunhão dos santos, intercede pelo bem do doente. E o doente, por seu lado, pela graça deste sacramento, contribui para a santificação da Igreja e para o bem de todos os homens, pelos quais a Igreja sofre e se oferece, por Cristo, a Deus Pai." (Catecismo, 1522).
O sacramento pode ser recebido mais de uma vez. Por exemplo, se a saúde da pessoa doente piorar. Se a pessoa não se recuperar, a Unção dos Enfermos irá prepará-la para estar com Deus. Se a pessoa está morrendo, ela pode receber a Sagrada Comunhão como viático. Muitos sacerdotes dão a um moribundo o Perdão Apostólico após a unção e o viático. Esta oração fornece uma indulgência plenária que remove a punição temporal do pecado.
A Igreja recomenda que os católicos se confessem antes de receber a Unção dos Enfermos caso tenham cometido algum pecado mortal. Não pretende ser um substituto para o sacramento da Penitência. No entanto, se eles não puderem fazer uma confissão, seus pecados podem ser perdoados através do sacramento da Unção dos Enfermos. Uma pessoa doente pode receber o sacramento em casa, em um hospital, em um lar de idosos ou no caso de um acidente ou doença súbita - como um ataque cardíaco - em qualquer lugar que a pessoa doente possa estar. Também pode ser recebido na igreja, pois algumas paróquias fornecem a Unção dos Enfermos uma vez por mês no final da Missa. A Unção dos Enfermos só pode ser administrada por padres e bispos. Tal como acontece com os outros sacramentos, é Jesus quem dá as graças à pessoa através das palavras e ações do padre ou bispo. Testemunhei o efeito positivo desse sacramento nas pessoas que amo. Minha mãe recebeu a Unção dos Enfermos em mais de uma ocasião, quando foi hospitalizada por um problema cardíaco grave. A cada vez, ela foi curada e também cresceu em fé e confiança em Jesus, mesmo esperando o momento em que estaria com Ele no céu. Ela recebeu a Unção dos Enfermos pela última vez poucos dias antes de morrer de pneumonia em 2008. Creio que Deus lhe deu a graça de morrer em paz, com a esperança da vida eterna. Um de meus pais espirituais, Padre Rooney, recebeu a Unção dos Enfermos quando desenvolveu um grave problema de saúde e a recebeu novamente no dia em que faleceu. Ele teve grande fé, uniu seu sofrimento a Jesus e morreu em paz. Além de dar graças à pessoa doente, acho que o sacramento também traz consolo e paz aos familiares e amigos da pessoa. Quando minha mãe recebeu a Unção dos Enfermos, senti a paz de que ela estava sendo ajudada por Jesus e seria curada, e quando ela recebeu no final de sua vida, confiei que ela estaria preparada para estar com Ele.
Às vezes, os membros da família esperam para chamar um padre até que o doente esteja morrendo. Não é bom demorar porque o padre pode não conseguir vir antes que a pessoa morra ou a pessoa pode não estar consciente (embora ainda possa receber o sacramento). Como há tantos benefícios em receber a Unção dos Enfermos, é melhor não esperar muito para solicitá-la para si ou para um familiar. A pessoa doente pode estar muito fraca para ela mesma contatar o padre, e sua família pode não entender ou acreditar nas graças deste sacramento, e acabe por não ver a necessidade de chamar um sacerdote. Nesta circunstância, um parente ou amigo poderia contatar um padre em nome do doente. Se ele ou ela estiver no hospital, você pode entrar em contato com o padre que é o capelão do hospital. Se o hospital não tiver um padre capelão, ou se o seu amigo ou familiar estiver em casa ou num lar de idosos, pode contactar o pároco da paróquia dele. Se ele não pertence a uma paróquia, você pode entrar em contato com qualquer sacerdote que você conheça, pois a maioria dos padres fica feliz em poder levar a cura e a consolação de Jesus aos enfermos por meio desse sacramento.
Por: Louise Merrie
Original em inglês: Catholic Exchange