Tentação: As Maneiras Comuns Pelas Quais O Diabo Nos Ataca
A tentação é o modo de ação comum do diabo (veja 1 João 3, 8-10). Satanás é o tentador (1Ts 3, 5) e, assim como incitou a Queda, ainda nos influencia diretamente a rejeitar a graça e cometer pecado. A tentação é comum a todos.
Nem todas as tentações surgem da influência diabólica. Do pecado original surge a debilidade de nossas faculdades. Podemos desenvolver hábitos pecaminosos sem a influência do diabo. A carne e o mundo fornecem uma abundância de tentações. Os exorcistas ensinam que os espíritos malignos não podem ler nossos pensamentos, mas, observando nosso comportamento, podem ler nossas fraquezas.
O diabo nos tenta a pecar por vários meios: engano, acusação, dúvida, sedução e provocação. Essas são maneiras de nos inquietar e de arranjar circunstâncias que provavelmente nos levarão a cometer pecados mortais de orgulho, avareza, raiva, inveja, luxúria, gula e preguiça.
Em seu excelente livro - sem tradução - The Devil You Don't Know, Pe. Louis Cameli enuncia quatro meios ordinários e comuns de tentação diabólica: mentira, divisão, diversão e desânimo. Na minha experiência, poderíamos acrescentar distanciamento, destruição, desobediência e duplicidade. A seguir, demonstrarei esses e outros meios demoníacos comuns.
O objetivo da tentação é seduzir-nos a cometer pecado. Se pecarmos, a responsabilidade é nossa, não do diabo, porque a graça é sempre suficiente para evitar o pecado. Ao resistir e repreender as seguintes táticas de tentação, evitaremos o pecado.
A Acusação
O diabo é o acusador dos cristãos (ver Ap. 12, 10). Ele nos intimida, dizendo: "Você é um perdedor, não presta e não vale nada. Veja o que você fez - você arruinou seu casamento (ou sua família ou carreira). Você é um fracasso."
Nos casamentos em que um dos cônjuges teve um caso extraconjugal, o diabo pode acusar o cônjuge fiel: "Você levou seu cônjuge a ter um caso". Ou, se uma criança se volta para o crime, a tentação pode ser "Você falhou como pai".
É por isso que Santo Inácio nos instrui a trazer as tentações à luz da oração, confissão ou direção espiritual.
A Provocação
No livro de Jó, temos um exemplo de como, por meio da adversidade, o diabo tentou Jó a desistir - a se desesperar completamente. Nesse caso, a esposa de Jó é a porta-voz do maligno: "Amaldiçoa a Deus e morre!" (2, 9).
Na família, podemos provocar uns aos outros sutil ou abertamente. Uma criança pode minar a confiança dos pais tentando provocar seus irmãos a irem contra as regras dos pais.
Um membro da família pode induzir outro a usar uma droga ilícita, ver pornografia, roubar ou mentir. A televisão é freqüentemente usada para provocar rebelião contra a família e Deus.
A Mentira
"Assassino desde o princípio, [...] mentiroso e pai da mentira", "Satanás, que seduz o universo inteiro", foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo, e é pela sua derrota definitiva que toda a criação será "liberta do pecado e da morte". - CIC 2852
Os demônios enganam as pessoas com falsas promessas: "Sereis como Deus" (veja Gn 3, 5). Uma tática diabólica é a distorção da realidade: o bom é feito para parecer ruim e o mau é feito para parecer bom. Verdadeiro e falso são invertidos.
Nas Escrituras, São Pedro diferencia não tanto entre o bem e o mal, mas entre a verdade e a falsidade. Pedro enfatiza que os discípulos de Cristo precisam ser "confirmados" na verdade (ver 2Pd 1, 12) para serem protegidos do diabo, pai de todas as mentiras.
A Dúvida
As tentações à incredulidade podem incluir dúvidas sutis a intensas sobre si mesmo, Deus, a Igreja e assim por diante. A fé, como aprendemos nas Escrituras, move o coração de Deus e fornece uma barreira de proteção.
A incredulidade é um estado espiritual perigoso que deve ser levado à oração pela cura. Às vezes, a raiz da incredulidade é uma mentira demoníaca. "Tomai precaução, meus irmãos, para que ninguém de vós venha a perder interiormente a fé, a ponto de abandonar o Deus vivo." (Hb 3, 12).
A Divisão
"Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir" (Mt 12, 25). Os demônios tentam persistentemente dividir cônjuges, filhos, famílias extensas, colegas e a Igreja. Sementes de discórdia são semeadas em nossas vidas. Discirna a fonte da divisão. Na família, beneficie a unidade, não a divisão.
Cuidado para não preferir relacionamentos com pessoas que o afastam de sua família ou de Deus e da Igreja. Eu permaneço perto de membros da família que pensam de forma oposta em política, negócios e religião. Eles entendem que eu amo Cristo e a Igreja. Estamos conectados pelo desejo do bem uns dos outros, pelos laços familiares e nos momentos de alegrias e tristezas que nos unem. O amor unifica.
Os demônios iniciam ou exacerbam as divisões nas famílias. Limpe o ar. Os demônios são espíritos do ar: eles ouvem o que falamos. Cuidar da língua rende grandes dividendos nas famílias. A pureza de coração nos protege de julgamentos imprudentes e severos.
A Distração
"Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida" (Lucas 21, 34). Em alguns casos, notamos como os espíritos malignos minaram o bem do casamento e da família pela sedução para atividades mundanas (excesso de trabalho) ou vícios (pornografia, álcool e assim por diante) que interrompem o dever de uma pessoa para com a família.
Os malignos tentam frustrar o chamado, o tempo ou o plano de Deus para as famílias. Sabendo que as pessoas boas não serão tentadas ao mal óbvio, os espíritos malignos muitas vezes nos tentam a escolher um bem menor ou uma gratificação imediata. Desvios diabólicos podem nos impedir de cumprir nossa missão, em detrimento de entes queridos.
O Distanciamento
As tentações surgem para distanciar você de Deus, família, amigos e comunidades. Isso inclui tentações ao espírito órfão (que diz: "Não sou digno de amor, sou rejeitado, estou sozinho"). A diferença entre as tentações de distanciamento e divisão é que você pode estar bem disposto em relação a uma pessoa (não dividido), mas ainda assim é tentado a se isolar, desvincular-se, colocar uma máscara, esconder seu verdadeiro estado de ser e evitar a comunidade .
Ao se distanciar dos relacionamentos amorosos, você pode criar um vazio que os demônios tentam preencher.
A Destruição
"O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância" (João 10, 10). A sedução demoníaca visa destruir famílias, casamentos, amizades piedosas, boas obras e intenções santas. Em alguns casos, religiosos e religiosas que viveram por algum tempo suas vocações foram atacados de forma demoníaca a ponto de abandoná-las.
A Desobediência
"E a vós (deu a vida espiritual), quando estáveis mortos pelos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o costume deste mundo, segundo o príncipe que exerce o poder sobre o ar, o espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Ef. 2, 1-2).
Que os demônios nos tentam à desobediência é um eufemismo. Desobediência e orgulho são como dois lados da mesma moeda.
Cuidado quando você for tentado a desobedecer a autoridade legal e autêntica, como os mandamentos de Deus e o ensino moral da Igreja. A desobediência tem levado muitas almas da Igreja para o ocultismo ou para o demoníaco.
A Duplicidade
"Seja o vosso falar: Sim. sim; não não. Tudo o que disto passa, procede do Maligno." (Mt 5, 37). Ser ambíguo é ser vacilante, duas-caras, irresoluto. Todos nós conhecemos políticos que se dizem católicos enquanto legislam por causas anticatólicas. Em alguns casos familiares, o anzol demoníaco tem origem na duplicidade de um dos cônjuges que leva uma vida dupla (por ter uma relação extraconjugal, por exemplo).
O diabo observa os cristãos que rezam piamente na igreja pela manhã e depois vão para casa ou para o trabalho, onde agem de maneira completamente oposta a um cristão.
O Desânimo
Nossa palavra acídia vem de uma palavra grega que significa, essencialmente, "eu não me importo". A letargia sobre Deus e a vida espiritual devido à fadiga, sobrecarga ou desapontamento é uma tentação comum. Os Padres do Deserto se referiam a ela como o "demônio do meio-dia". O desânimo amortece a fé, a esperança, o amor, a alegria, a generosidade e o julgamento.
Os Padres ensinaram que o desânimo é a mais perigosa de todas as tentações porque impede o progresso em direção à meta de estar com Deus e alcançar a vida eterna. Muitos casos de libertação começam com um desânimo paralisante e profundamente arraigado.
O desânimo não tem lugar em casa. Cada ente querido se beneficia do encorajamento. O diabo entrega desânimo suficiente para levar as pessoas a um lugar de escuridão. Vamos resistir a palavras e ações desencorajadoras na igreja doméstica.
O texto acima é uma lista parcial de algumas ações ordinárias dos demônios. Da próxima vez, passaremos para as formas extraordinárias pelas quais o diabo nos ataca.
Autora: Kathleen Beckman
Original em inglês: Catholic Exchange