“Recursos para ONGs abortistas: Bispos do Brasil acusados”
Denúncias
de Bernardo Pires Küster cruzam o Atlântico e vão parar num dos mais
respeitados sites católicos da Itália, o La Nuova Bussola Quotidiana. Leia a tradução da matéria a seguir.
Escrito por Marco Tosatti
Em um vídeo lançado nas redes sociais, uma acusação dura contra a "Campanha da Fraternidade" promovida pelos bispos brasileiros: o dinheiro dos fiéis seria usado para financiar o aborto não-governamental e organizações gays.
A Conferência Episcopal do Brasil está no meio de uma tempestade nas mídias sociais, causada por um vídeo, filmado por um leigo da diocese de Londrina, Bernardo P. Küster, que denuncia duramente a "Campanha da Fraternidade", promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O motivo? Esta campanha realmente trouxe dinheiro, o dinheiro dos fiéis católicos brasileiros, para outras organizações, basicamente todas de esquerda ou extrema esquerda, algumas das quais promovem o aborto, a liberação sexual total e a união entre pessoas do mesmo sexo.O vídeo está no YouTube e está provocando protestos e descontentamento entre os leigos. Deve-se lembrar que a diocese de Londrina é a mesma em cujo seminário, em sua capela foi colocada uma bela estátua de Buda, como escrevemos na Bussola.E, consequentemente, a Missa para a Pastoral da Família foi celebrada no anfiteatro do seminário ...
Damos-lhes algumas informações sobre o conteúdo do vídeo. O autor apresenta-se como um leigo, não vinculado ou financiado por qualquer movimento ou instituição.
No vídeo, a CNBB é comparada a um simples conselho ou sindicato, que conseqüentemente não tem poder para falar em nome de toda a Igreja. Nos referimos a uma frase de Bento XVI no sentido de que esta entidade, a Conferência, não deve suplantar o poder de cada bispo em sua diocese. Imediatamente após o vídeo apresentar uma série de desvios da CNBB em termos de doutrina, política e recursos.
Em termos de recursos, mostra que a CNBB teria recorrido ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) para financiar instituições que apoiem iniciativas condenadas pelo Magistério da Igreja, tais como o aborto. Entre as instituições que receberam o dinheiro do FNS estão a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), que defende a legalização do aborto, a Fundação Grupo Esquel Brasil e o Movimento dos Sem-Terra (MST).
A CNBB já havia publicado uma nota de esclarecimento, por conta das notícias sobre esse assunto. Nesta nota, a CNBB afirmou que "não financiou projeto algum de "ONGs abortistas", nem de "grupos terroristas", recorrendo ao Fundo Nacional de Solidariedade. De acordo com a CNBB, "um dos projetos financiados em 2017 foi a 5ª reunião dos Signatários da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, realizada em São Paulo em outubro de 2017". No entanto, a CNBB reconheceu que, uma vez que a Plataforma por não ter pessoa juridical, "indicou a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), uma de suas entidades signatárias, para assinar a parceria com o Fundo Nacional de Solidariedade, constando, apenas por isso, o nome da ABONG no site do Fundo como entidade responsável pelo projeto."
Bernardo afirma que os recursos do Fundo foram dirigidos pela ABONG , bem como por outras instituições que defendem posições contrárias aos ensinamentos do magistério católico da Igreja. No vídeo, o leigo enfatiza que ele não está "condenando toda a Conferência Episcopal da CNBB, todos os bispos e os sacerdotes ... mas apenas algumas decisões tomadas pela cúpula da instituição nos últimos anos". Ele diz que existe um local no site onde constam as entidades responsáveis pela Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil e entre elas está a ABONG.
Ele enfatiza, no entanto, que "de qualquer forma a ABONGestá envolvida e não só ela, mas também o MST (Movimento dos Sem Terra), bem como a Fundação Grupo Esquel do Brasil, que tem a ABONG entre seus administradores. Assim, os recursos foram parar na ABONG por dois caminhos. Bernardo critica a defesa da CNBB, dizendo que ela está tentando distorcer a informação. Em vez disso, "o dinheiro foi para a ABONG, via a Fundação Esquel, da qual a ABONG faz parte, e também foi para a Plataforma da qual a ABONG participa".
Bernardo explica que "o propósito do Fundo Nacional de Solidariedade é ajudar as organizações católicas e não-católicas a praticar o bem, a ajudar os outros, e isso em si é uma coisa boa". No entanto, "o problema é a falta de critérios" na escolha dos beneficiários.
Ele ressaltou, por exemplo, que "a ABONG é uma associação nacional que visa reunir organizações não governamentais". Existe uma Carta de princípios, na qual na seção "o que queremos", afirma-se que "como uma associação de organizações que lidam com várias questões e em diálogo com elas, defende: o fim de todas as formas de imperialismo, a participação popular na política com uma sociedade civil forte e plural (...), a legalização do aborto; o reconhecimento civil de uniões homossexuais, liberdade afetiva e sexual para todas as pessoas, reforma agrária ". O autor diz que o problema não é que esta associação exista, mas que a "CNBB lhes dá dinheiro católico, que defende o que é contrário ao que a Igreja Católica ensina".
Até o ano de 2014, o FNS foi controlado pela Caritas brasileira; desde então é gerenciado pela CNBB. Em vista dessa mudança na gestão, Bernardo disse que decidiu fazer pesquisas sobre o uso dos recursos do Fundo nos anos anteriores. Ele então menciona os responsáveis pela Campanha da Fraternidade, porque "responsáveis são as pessoas, não uma instituição, de modo a não envolver toda a CNBB". Então ele cita Dom Geremias, arcebispo de Londrina, que acolheu o 14º encontro inter-eclesial das comunidades de base, o Cardeal Sergio Rocha, o Padre Luis Fernando da Silva, da Campanha da Fraternidade. E lembre-se de que uma organização de protesto chamada "Visão Mundial" recebeu assistência financeira da CNBB. Ele cita o CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - uma organização da qual a CNBB faz parte e que pertence à extrema esquerda política. Ele cita Dom Theodoro Mendes Tavares, bispo de Ponta de Pedras, que é o tesoureiro do CONIC; e observa que este Conselho teria recebido seis milhões de fundos angariados, dos quais quatro milhões foram gastos e dos dois milhões restantes não foram fornecidas contas aos fiéis.
O vídeo dá então trechos da declaração de "convergência doutrinária" entre as Igrejas pertencentes ao CONIC, o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do País, uma declaração ratificada pela CNBB que questiona a presença real na Eucaristia, diz que a Transubstanciação é uma fórmula filosófica e que o ministério sacerdotal é relativo. Bernardo pede explicações sobre estas presumidas heresias para a CNBB, dizendo que ela deve dar esclarecimentos sobre tudo isso aos fiéis.
E, finalmente, ele menciona uma reunião da cúpula da CNBB, realizada em fevereiro em Brasília, sobre o processo eleitoral e sobre um documento que será feito para orientar os fiéis nas eleições. E nesta reunião houve pessoas que participaram de reuniões com senadores do Partido dos Trabalhadores (PT), chamados de "petistas". Bernardo pergunta: "Vocês que são fiéis à Igreja Católica, o que vocês acham deste documento? Que inclinação terá? ".
Ele diz que deve ser solicitado a todos os bispos do Brasil suas posições perante tudo isso; solicitados por e-mail ou por telefone. Também sugere enviar e-mails ou ligar para a Nunciatura, para tomar posição em face desses escândalos. Ele então advertiu que a próxima arrecadação de fundos terá lugar no Domingo de Ramos, e que todos devem decidir se querem doar algo para a CNBB, depois desses fatos, como uma questão de consciência. Aos Clérigos que acusam esse tipo de denúncia de romper a unidade da Igreja, ele responde que aqueles que realmente quebram a unidade da Igreja são seus abusos, heresias, politização, uso indevido dos recursos. A unidade deve ser a do Magistério e das Escrituras. A citação final é de João Paulo II: "Devemos defender a verdade, mesmo que voltemos a ser doze novamente".