Quais São As 10 Coisas Que Eu Deveria Saber Sobre Isaías?

02/11/2024

1) Ele é o primeiro e o maior dos quatro principais profetas. À frente de Jeremias, Ezequiel e Daniel, os escritos de Isaías constituem o livro profético mais importante do Antigo Testamento. Sua visão teológica é abrangente e exerceu uma enorme influência sobre a teologia judaica e cristã posterior.

2) Seu livro é conhecido como o quinto Evangelho. Embora esse título seja frequentemente aplicado à Terra Santa, os Padres da Igreja também o usaram para descrever o livro de Isaías! Mais do que qualquer outro profeta, Isaías aponta repetidamente para Cristo. Portanto, de forma apropriada, o livro de Isaías é o segundo livro

3) Seus escritos podem ser divididos em duas (ou três) partes. A autoria e a composição do livro de Isaías é uma fonte de grande debate acadêmico. Embora alguns estudiosos considerem que a obra é composta de três partes literárias, uma divisão bipartida básica ajuda a captar a essência do que trata o livro: (1) Isaías 1-39 trata de Jerusalém e do reino do sul de Judá, principalmente com uma mensagem de julgamento nos anos 700 a.C., quando o Império Assírio representava uma ameaça para a humanidade. (2) Isaías 40-66 é dirigido a um público semelhante, mas dessa vez a mensagem é principalmente de consolo, e aqui o período de tempo é o Exílio Babilônico (anos 500 a.C.).

4) Sua carreira começou com um anjo queimando seus lábios. Embora apareça no capítulo 6, a visão de Isaías contemplando a glória de Deus e encontrando o serafim de seis asas descreve o início de seu ministério profético. O serafim pega uma brasa do altar celestial e a encosta nos lábios do profeta, purificando-os assim antes de sua proclamação da palavra de Deus. Isaías 6 também relata os anjos da corte divina proclamando a santidade do Senhor em um hino de louvor perpétuo; o canto deles é a fonte do "Sanctus", ou "Santo, Santo, Santo", que faz parte da Missa católica atual.

5) Ele profetizou por um tempo realmente longo. Embora a figura de Isaías permaneça misteriosa, os estudiosos suspeitam que ele tenha nascido em uma família nobre de Jerusalém. Também sabemos que seu ministério profético abrangeu os reinados de vários reis (veja Is 11), desde a época do Rei Uzias (aproximadamente 783-742 a.C.) até pelo menos a época do Rei Ezequias (aproximadamente 715-687 a.C.). A antiga tradição judaica vai ainda mais longe, sugerindo que Isaías viveu durante o reinado do filho de Ezequias, Manassés. Isso significa que Isaías estaria profetizando há mais de cinquenta anos!

6) Sião é um tema importante em seus escritos. O público-alvo de Isaías é Judá e, especialmente, sua capital, Jerusalém. Em toda a obra, Jerusalém é conhecida sob o título davídico de "Sião". Embora se refira a uma cidade específica, Sião se torna um símbolo para Israel de forma mais ampla; portanto, as exortações de Isaías dirigidas a Jerusalém servem como um convite (e um aviso) para o povo de Deus como um todo.

7) Ele profetizou a chegada do Emanuel. Isaías 7 relata talvez a profecia mais famosa de todas as Escrituras: "Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel" (Is 7:14). Como acontece em grande parte dos escritos de Isaías, a profecia está enraizada em eventos históricos próximos e, ao mesmo tempo, aponta para uma realidade sobrenatural futura. Nesse caso, o cínico Rei Acaz está sendo ameaçado por seus inimigos internacionais, mas não está disposto a solicitar um sinal de segurança do Senhor, então Isaías sugere um sinal em seu lugar. Considerando que Isaías 7 é apenas um dos vários capítulos que aludem à vinda do nascimento de Cristo (veja Is 7-12), a Igreja, portanto, se baseia fortemente nos escritos do profeta durante o período do Advento.

8) Ele nos deu os famosos Cânticos do Servo. Isaías 40-55 contém uma série de oráculos consoladores sobre uma figura misteriosa identificada como o servo de Deus. Os estudiosos do Antigo Testamento John Bergsma e Brant Pitre identificam sete desses "Cânticos": Is 41, 8-16; 42, 1-9; 44,1-5; 44, 21-28; 49,1-13; 50, 4-11; e 52, 13-53:12. Em muitos aspectos, o Servo aponta para Cristo, Aquele que "foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades" (Is 53, 5). Em outros aspectos, o Servo parece simbolizar Israel como um todo.

9) A tradição judaica afirma que ele teve uma morte de mártir. Desde os tempos antigos, aceita-se que, em sua velhice, Isaías foi morto pelo maligno Rei Manassés, filho do Rei Ezequias. A forma de morte? Serrado ao meio! É interessante notar que essa tradição parece ser mencionada na Epístola aos Hebreus quando ela lista os heróis da fé do Antigo Testamento:

Outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões. Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados, homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos (Hb 11, 36-38).

10) Seus escritos apontam para uma nova criação. O livro de Isaías é ricamente escatológico em sua natureza, repetidamente prefigurando o cumprimento da criação e o reino de paz que está por vir (veja Is 9,7). A famosa frase do livro de Apocalipse sobre Deus enxugando toda lágrima, por exemplo, tem sua origem no profeta Isaías: "Aniquilará a morte para sempre; o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces" (Is 25, 8). Devemos nos lembrar também que, na teologia de Isaías, o tema da renovação está sempre ligado à adoração litúrgica e, portanto, o Monte do Templo em Jerusalém (Sião!) frequentemente ocupa o centro do palco (por exemplo, Is 66,18-23).

Autor: Clement Harrold

Original em Inglês: St. Paul Center