Nossas Almas Vão Direto Para O Céu Ou Para O Inferno Quando Morremos?
Santo Tomás de Aquino aborda esta questão em sua Suma Teológica, e para reduzir seus sutis argumentos em uma única palavra, pode-se dizer: talvez.
Tomás deixa claro, de acordo com as Escrituras e os ensinamentos da Igreja, que algumas almas vão direto para o céu ou para o inferno. As almas daqueles que morrem sem qualquer culpa ou dívida não paga por pecados veniais em suas almas subirão imediatamente para o céu.
Todos os que morrem em estado de graça, unidos a Deus na caridade, sem pecado mortal em suas almas, finalmente alcançarão o céu. Tomás nos lembra (com base em 1 João 5,16-17) que alguns pecados são mortais e alguns não são mortais, mas são meramente veniais.
Pecados Mortais
A palavra "mortal" para pecados mortais vem da palavra latina mors para morte. Os pecados mortais produzem a morte espiritual e nos afastam das graças de Deus, levando à condenação, e não à salvação, se permanecermos impenitentes. No pecado mortal, deliberadamente e egoisticamente nos afastamos de Deus em favor dos bens mundanos. Lemos no CIC (1857) que para um pecado ser mortal, três coisas são necessárias: «É pecado mortal o que tem por objeto uma matéria grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado». Os pecados veniais (do latim venia para perdoável) são transgressões morais menores em relação a assuntos menos graves. Eles envolvem um foco desordenado ou inadequado em bens mundanos, mas não implicam um afastamento deliberado de Deus. Eles não nos separam das graças de Deus, mas "o pecado venial retarda-nos o afeto, impedindo de aplicar-se prontamente a Deus." (Suma Teológica, Tertia Pars, Questão 87, Art. 1).
Pecados Veniais
Tomás diz que esses pecados veniais são "a madeira, o feno e a palha" que são limpos e consumidos pelo fogo do purgatório (1Coríntios 3,12). Os castigos do purgatório nos purificam da penitência não cumprida pelos pecados mortais que foram confessados e sua culpa perdoada, mas as penitências a eles relacionados não foram, contudo, satisfeitas em vida. Em relação aos pecados veniais, Tomás deixa claro que nunca devemos nos tornar complacentes e despreocupados com nossos pecados veniais, pois uma completa complacência e falta de contrição podem levar ao pecado mortal. Ainda assim, quanto aos próprios pecados veniais, os castigos do purgatório podem purificar não apenas a punição em dívida, mas também a sua culpa.
É o caso, por exemplo, de uma pessoa que veio a morrer durante o sono, em estado de graça, sem pecado mortal em sua alma, mas que tenha cometido algum pecado venial pelo qual ainda não tivesse experimentado a contrição. De fato, em um fascinante exemplo hipotético (que talvez revele a inclinação do nosso Doutor Angélico para o pensamento elevado e abstrato!), Tomás descreve o caso de um homem que comete algum pecado venial e "não pense mais nele, se deve ser perdoado ou não: mas pense, talvez, que um triângulo tem os três ângulos iguais a dois retos e nesse pensamento adormeça e morra." Tomás declara que tal homem seria purificado da culpa de seu pecado venial nos fogos do purgatório após a morte "porque essa pena, de certo modo voluntária, por virtude da graça terá a força de expiar totalmente a culpa, que puder coexistir com a graça."
Aqueles que morrem impenitentes, com pecado mortal em suas almas, rejeitaram voluntariamente o amor e a misericórdia de Deus e escolheram se excluir do céu. Suas almas vão imediata e irrevogavelmente para o inferno.
Subir Ao Céu
De maneira bastante intrigante, Tomás compara a situação das almas após a morte como a gravidade que afeta os corpos físicos. Objetos mais leves que o ar subirão imediatamente, enquanto corpos mais pesados cairão imediatamente, a menos que algum obstáculo impeça seu caminho. Uma alma que está livre de todas as dívidas do pecado subirá imediatamente ao céu, enquanto uma alma atolada em pecado mortal descerá ao inferno. Um obstáculo que pode impedir que as almas livres do pecado mortal subam ao céu é a dívida do pecado venial "que diferirá a sua entrada no céu, até ser purificada."
O Catecismo ensina que após a morte todos nós enfrentamos um "julgamento particular" imediato, no qual Cristo determina se nossas almas irão imediatamente para o céu ou para o inferno, ou devem primeiro passar por um período de purificação (1022).
Tomás explica que cada pessoa é uma pessoa individual e um membro de toda a raça humana. No julgamento particular, somos julgados como pessoas individuais. Quando Cristo retornar para o Juízo Final ou Geral, nossas almas serão reunidas com nossos corpos e todos seremos julgados juntos como membros da raça humana.
Aqueles que alcançam o céu experimentarão felicidade indescritível, com seus corpos gloriosos eles olham para a face de Deus, a origem e fonte de todo bem, para o corpo glorificado de Cristo e para um universo perfeito.
Autor: Kevin Vost
Original em inglês: CatholicLink