Exorcistas: 9 Práticas A Serem Evitadas Ao Combater O Demônio
A Associação Internacional de Exorcistas expressou preocupação com várias práticas errôneas, incluindo aquelas realizadas por alguns padres, que confundem os fiéis que buscam ajuda quando possivelmente enfrentam ações extraordinárias do demônio.
A associação, que tem cerca de 900 membros exorcistas em todo o mundo, emitiu sua advertência em um artigo - em espanhol - de 8 de janeiro no site da organização a fim de "oferecer os esclarecimentos necessários para poder agir bem na provisão da misericórdia divina por meio do ministério do exorcismo".
A associação publicou o artigo porque "foram notadas algumas práticas pastorais que, em vez de prestar um serviço ao Corpo ferido de Cristo, aumentam Seu sofrimento e causam desorientação". Os exorcistas pedem aos católicos que levem em conta essas observações "para evitar atitudes e métodos que não correspondem à autêntica obra do Senhor Jesus Cristo".
O texto também aponta que, nos últimos anos, o número de pessoas que procuram os exorcistas aumentou devido ao fato de as pessoas se perguntarem ou se convencerem de que são "vítimas de uma ação extraordinária do demônio", seja ela vexação, obsessão, possessão ou infestação.
No entanto, os exorcistas alertam que há casos em que essa crença - que requer confirmação com um exame rigoroso - é frequentemente mantida "por pessoas que, sem qualquer treinamento específico no assunto e sem um mandato do ordinário competente, agem de forma inadequada, causando confusão entre o povo de Deus".
Assim, a Associação Internacional de Exorcistas adverte sobre as nove práticas pastorais errôneas a seguir, que desorientam as pessoas que buscam ser libertadas da ação extraordinária do maligno.
1. Improvisação e sensacionalismo
A associação começa criticando a atitude de alguns padres, pessoas consagradas e leigos que, sem treinamento adequado e sem um mandato episcopal, "em vez de encaminhar casos de possível ação extraordinária do maligno" a um exorcista, empregam "métodos arbitrários de libertação" que não são autorizados pelo bispo.
"Ainda mais grave é quando eles dissuadem os fiéis de recorrer ao exorcista oficial de sua diocese, sugerindo que procurem outros exorcistas notáveis considerados 'mais poderosos' ou [alegando] suposta atividade demoníaca extraordinária que eles detectaram."
2. Concentrar-se na obra do diabo e não no Evangelho
A associação ressalta que "é deplorável que alguns, em vez de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo que liberta o homem da escravidão do mal e do pecado, concentrem sua atenção exclusivamente na presença e no trabalho do demônio", fazendo com que aqueles que buscam ajuda acreditem que "a libertação depende apenas de uma repetição compulsiva de orações e bênçãos", quando a paz de Cristo "só pode ser obtida por meio de uma vida de caridade, alimentada pela palavra de Deus, pela oração, pela frequência aos sacramentos da Eucaristia e da Confissão e por uma autêntica devoção à Virgem Imaculada".
3. Discernimento negligente
A associação lamenta que alguns sacerdotes, incluindo exorcistas, negligenciem "o discernimento sério e rigoroso prescrito pela Praenotanda (diretrizes) do Rito de Exorcismos" e usem "critérios estranhos à fé católica, validando conceitos de origem esotérica ou da Nova Era". O artigo adverte que essa é uma abordagem "inaceitável e contrária à fé e à doutrina da Igreja".
4. Práticas supersticiosas
A associação também critica aqueles que usam procedimentos supersticiosos, como pedir "fotografias ou roupas para identificar possíveis males", bem como tocar "determinados pontos do corpo do fiel para 'diagnosticar a presença de entidades malignas' ou 'expulsar a negatividade'", ou sugerir o uso indevido de sacramentais como água, sal ou óleo abençoado "que alguns chamam de 'exorcismo'".
O artigo adverte que "essas são atitudes incorretas que alimentam uma mentalidade e prática supersticiosas, são prejudiciais à dignidade do corpo, o templo do Espírito Santo, e dão origem a um uso mágico de objetos abençoados".
5. O envolvimento de pessoas inadequadas
O artigo afirma que "é inaceitável que alguns sacerdotes ou agentes pastorais colaborem com os chamados 'videntes' ou supostos carismáticos", enviando a eles a pessoa que sofre em vez de colocá-la em contato com exorcistas nomeados pelos bispos.
"Pior ainda, quando é o próprio exorcista diocesano que delega a essas figuras a tarefa que a Igreja lhe confiou, e.g., o discernimento autorizado da genuína atividade demoníaca extraordinária".
A associação lembra que o exorcista deve assumir a responsabilidade pelo sofrimento dos outros e "não deixar de reservar um tempo para o discernimento pessoal (...) para verificar a possível ação extraordinária do demônio" e, assim, prestar assistência pastoral às suas vítimas.
6. Exclusão das ciências médicas e psicológicas
A associação explica que o exorcista não apenas segue os critérios tradicionais para determinar se uma pessoa está sofrendo uma ação extraordinária do demônio, mas também se baseia na experiência de exorcistas estabelecidos e, em alguns casos, "no conselho de pessoas que são especialistas em medicina e psiquiatria".
Os exorcistas enfatizam, portanto, que não se pode "excluir a priori a consulta às ciências psicológicas e psiquiátricas, e de outras disciplinas positivas, que em alguns casos podem ajudar a entender a origem de males que não são necessariamente de origem preternatural".
"Essa atitude não é apenas enganosa, mas expõe as pessoas a riscos desnecessários, ignorando a contribuição às vezes decisiva das disciplinas médicas e psicológicas modernas."
7. Declarações imprudentes e prejudiciais
A associação pede às pessoas que não caiam no "desejo ansioso de identificar a todo custo uma ação demoníaca extraordinária como a causa operativa do sofrimento [de alguém]", especialmente sem ter feito um discernimento sério anteriormente.
8. Com relação à bruxaria
Em seu artigo, a associação observa que, embora a prática da feitiçaria tenha se difundido, não se deve cair na "atitude temerosa" de ver nela a origem de todos os males e infortúnios que podem acontecer a uma pessoa.
Os exorcistas ressaltam que "o bom senso e a experiência também ensinam que, quando um mal pode ter sido realmente causado por bruxaria, concentrar-se em sua identificação" e assegurar às pessoas que elas foram vítimas é inútil e irrelevante para sua libertação, além de ser prejudicial, pois elas podem começar a derramar "sentimentos de ódio" contra os supostos autores da maldição.
Pelo contrário, é importante concentrar a atenção da pessoa "nos remédios da graça oferecidos pela Igreja e no caminho cristão a seguir", ensinando a certeza de que "Deus não abandona sua criatura que está passando por uma provação, mas de alguma forma sofre com ela e, ao mesmo tempo, a apoia e consola com sua graça".
Da mesma forma, ensinando "a convicção de que todo sofrimento, causado por qualquer mal que possa nos atingir na vida, se aceito com amor e oferecido a Deus, transforma o mal em bem".
9. Cura intergeracional (cura da árvore genealógica)
A associação também adverte sobre o erro da chamada "cura intergeracional" e lamenta que "alguns sacerdotes e até mesmo alguns exorcistas" realizem essa prática "como uma condição 'sine qua non' (absolutamente necessária), sem a qual não pode haver cura ou libertação, sem perceber o dano à sua fé e à das pessoas, bem como as consequências que estas últimas podem sofrer em um nível existencial".
"Diversos ordinários locais e conferências episcopais já intervieram nessa área, apresentando razões doutrinárias que demonstram como essa prática não tem fundamentos bíblicos e teológicos". A associação dá como exemplo a recente nota doutrinária sobre o assunto da Conferência Episcopal Espanhola.
Banindo o medo
Além das práticas acima, o artigo da associação também lembra aos leitores que os exorcistas são chamados a deixar que a paz de Cristo habite neles, rejeitando todas as formas de medo porque "qualquer que seja a razão que o provoque, quando é cultivado, leva ao enfraquecimento da fé e à perda da confiança em Deus".
O demônio usa o medo "para reduzir o homem à escravidão"; portanto, um sacerdote que temesse o demônio "no exercício de seu ministério ou em sua vida diária não poderia exercer o ministério do exorcismo sem se expor a sérios perigos para sua vida espiritual, especialmente se, em vez de cultivar a confiança e o total abandono de si mesmo nas mãos misericordiosas de Deus, procurasse enfrentá-lo com práticas mais ou menos supersticiosas".
"Na Bíblia, o convite de Deus para não ter medo ressoa pelo menos 365 vezes", observa a associação.
O exorcismo é uma experiência de Deus e de alegria
O artigo aponta que certos filmes contribuíram para criar "uma ideia sombria, perturbadora e aterrorizante do sacramento do exorcismo", além de alimentar "uma curiosidade mórbida sobre o sobrenatural".
No entanto, a associação garante que a experiência mostra que esse ministério "está imbuído de profunda alegria", pois seus membros são testemunhas da "ação poderosa de Cristo ressuscitado" e da intercessão da Virgem Imaculada, dos santos e beatos e dos anjos que são "servos fiéis do Altíssimo".
"The main task of every exorcist will therefore be to give peace and hope, avoiding any gesture or behavior that causes confusion and fuels fear, following the invitation of the Apostle Paul: 'Be imitators of me, as I am of Christ,'" the International Association of Exorcists notes.
"A principal tarefa de todo exorcista será, portanto, transmitir paz e esperança, evitando qualquer gesto ou comportamento que cause confusão e alimente o medo, seguindo o convite do apóstolo Paulo: 'Sede meus imitadores, como também o sou de Cristo'", observa a Associação Internacional de Exorcistas.
Autor: Eduardo Berdejo
Original em inglês: CNA