Em Que Devo Meditar Em "O Encontro No Templo"?
A história do Encontro do Menino Jesus no Templo traz à tona uma série de emoções. Para muitos católicos, todo o episódio pode parecer desconcertante, ou até mesmo traumático. Mais do que qualquer um dos outros mistérios alegres, esse parece encapsular o título da comédia de William Shakespeare, Tudo Bem Quando Termina Bem!
São João Paulo II observou corretamente que o mistério é uma história de alegria misturada com drama. Em um sentido profundo, portanto, o Encontro no Templo fala exatamente do tipo de alegria que deve marcar a vida cristã: uma alegria que reconhece as muitas dificuldades que estão entre nós e o céu, sem tentar ignorá-las ou minimizá-las. É a alegria, também, de perceber, ao final de nossas provações e problemas, que Deus sabia o que estava fazendo o tempo todo.
Essa é a alegria que Maria e José compartilham quando finalmente encontram Jesus após três dias de busca. Não se trata apenas da profunda sensação de alívio ao encontrar seu filho novamente. Mais do que isso, é a alegria de descobrir que toda essa dor e perda ocorreram por uma razão, e Jesus sabia exatamente o que estava fazendo.
O Encontro do Menino Jesus no Templo, portanto, revela algo profundo sobre o mistério do sofrimento humano. De fato, a pergunta nos lábios de Maria e José é aquela que ecoou no coração de cada fiel ao longo dos séculos que passou por uma dor intensa: "Filho, porque procedeste assim conosco?" (Lc 2,48). Em meio à dor, à solidão, à angústia e à mágoa, nosso clamor a Jesus não se torna menos espirituoso do que o de Seus pais humanos: "Porque procedeste assim conosco?"
Embora Maria e José não tenham cometido nenhum pecado nesse episódio, a experiência de perder o Filho por três dias permite que eles entrem em nossa própria fraqueza e fragilidade de uma forma extraordinária. Para aqueles de nós que já se sentiram distantes de Deus, ou que já sentiram a vida divina se afastar de nós como resultado de um pecado mortal que cometemos, o quinto mistério gozoso nos lembra que Maria e José conhecem nossa dor, pois, de certa forma, eles a experimentaram.
Deus permitiu que Maria e José experimentassem o que era ter sido tirado do meio deles, oferecendo-lhes assim uma visão pessoal da desolação dos pecadores em todos os lugares. Quando São Lucas descreve como eles procuraram "aflitos" por seu Filho, ele usa a palavra grega odynōmenoi. O único outro lugar em que essa palavra aparece em seu Evangelho é para descrever a angústia ardente experimentada pelo homem rico no hades: "Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente afligido nestas chamas" (Lc 16,24).
A implicação é surpreendente: para Maria e José, aqueles três dias de busca foram o inferno na Terra. E, especialmente para Maria, que "guardava todas essas coisas no coração" (Lc 2,51), foram um prenúncio dos acontecimentos que viriam, cerca de duas décadas depois, quando Cristo passaria três dias no sepulcro. Se alguma vez nos sentimos longe do céu, devemos nos consolar sabendo que Maria e José conhecem nossa dor e estão constantemente e aflitivamente procurando por nós, assim como procuraram Jerusalém por todos os lados na tentativa desesperada deles de se reunir com seu Filho.
Embora o Encontro no Templo marque a última vez que São José aparece nos Evangelhos, é ao mesmo tempo um lembrete reconfortante para nós de que ele ainda estava vivo durante os anos de formação de Jesus. Além disso, o episódio aponta para além da paternidade de José, para a paternidade divina do próprio Deus. Na verdade, as primeiras palavras registradas do Deus-Homem vêm na forma dessa misteriosa declaração: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lc 2,49). São João Paulo II descreveu a troca de palavras da seguinte forma:
"A revelação do seu mistério de Filho totalmente dedicado às coisas do Pai é anúncio daquela radicalidade evangélica que põe inclusive em crise os laços mais caros do homem, diante das exigências absolutas do Reino. … Por isso, meditar os mistérios gozosos significa entrar nas motivações últimas e no significado profundo da alegria cristã. Significa fixar o olhar sobre a realidade concreta do mistério da Encarnação e sobre o obscuro prenúncio do mistério do sofrimento salvífico"(Rosarium Virginis Mariae §20).
In meditating on the fifth joyful mystery, we can pray that Mary and Joseph would lead us to their Son who resides in His Father's house, which is the Catholic Church. In the Church and in her sacraments we discover Jesus, the One who reveals Himself with infinite tenderness as the answer to all our fear, all our pain, all our confusion, all our hurt, all our shame. In the Father's house we will find Him, and in that house we ourselves will be found.
Ao meditarmos sobre o quinto mistério gozoso, podemos rezar para que Maria e José nos conduzam ao Filho deles, que reside na casa de Seu Pai, que é a Igreja Católica. Na Igreja e em seus sacramentos, descobrimos Jesus, Aquele que se revela com infinita ternura como a resposta para todo o nosso medo, toda a nossa dor, toda a nossa confusão, toda a nossa mágoa e toda a nossa vergonha. Na casa do Pai, nós O encontraremos, e nessa casa nós mesmos seremos encontrados.
Autor: Clement Harrold
Original em inglês: St. Paul Center