A Foice E O Marcelo Devem Ser Tratados Como A Suástica

02/06/2021

Por que tratamos duas ideologias igualmente sangrentas de maneiras tão totalmente diferentes?

Se alguém lhe pedisse para pensar em qualquer um dos extremos do espectro político, provavelmente você imaginaria uma suástica em uma extremidade e uma foice e um martelo na outra. Independentemente de suas opiniões sobre o paradigma esquerda-direita ou se você subscreve ou não a Teoria da Ferradura(1), nós (com razão) tendemos a perceber o fascismo e o comunismo como as ideologias padrão do extremismo.

Como tais, muitos de nós também nos sentiríamos bastante desconfortáveis ao ver esses dois símbolos. Ao ver uma suástica, somos imediatamente lembrados dos males do regime nazista e, consequentemente, sentimos repulsa. Exibir publicamente o logotipo é até crime em muitos países europeus. Compreendemos o quão repugnante é a ideologia e a tratamos adequadamente com desrespeito e nojo.

Mas como reagimos ao martelo e à foice? Não preciso escrever um artigo explicando os milhões de mortes que ocorreram nas mãos de regimes comunistas; assim como o Holocausto, os gulags da União Soviética e os campos de extermínio do Camboja são amplamente conhecidos.

Mesmo assim, jornalistas no Reino Unido defendem aberta e orgulhosamente o comunismo. Estátuas de Karl Marx são erguidas. Mesmo nos Estados Unidos, historicamente um dos Estados mais anticomunistas da história, há uma estátua de Vladimir Lenin na cidade de Seattle, EUA.

Então, por que razão exatamente tratamos duas ideologias - igualmente sangrentas - de maneiras tão diametralmente opostas?

"O Comunismo Real Nunca Foi Tentado!"

A resposta pode estar em percepções errôneas de virtude. Os nazistas, com razão, são vistos como odiosos e cruéis porque sua ideologia é construída em torno da ideia de que um grupo é superior ao outro. É uma ideologia inerentemente anti-igualitária, uma crença violenta que foi posta em prática apenas uma vez por aqueles que a conceberam.

Como tal, não há uma maneira justificável de um fascista argumentar "Aquilo não era o nazismo real". O mesmo não é verdade para o comunismo.

Pelo contrário; vemos esse argumento o tempo todo. Os da extrema-esquerda têm todo um amplo espectro de estilos comunistas, do stalinismo ao anarquismo, do maoísmo ao trotskismo, ou mesmo apenas o marxismo clássico. Já que Karl Marx nunca implementou o comunismo ele mesmo, os líderes dos estados comunistas sempre têm esta carta na manga. Quaisquer deficiências, tragédias ou crises que um regime comunista enfrenta podem sempre ser atribuídas a uma aplicação errada do infalível roteiro de Marx para a utopia.

Convenientemente, os comunistas sempre podem se desligar dos horrores do passado. Eles podem se pintar como pioneiros de uma ideologia que simplesmente não teve a oportunidade de florescer ("O comunismo real nunca foi tentado!").

Desta forma, os defensores do comunismo podem continuar a se pintar como protagonistas. Eles estão sempre lutando pela libertação da classe trabalhadora e pela criação de um paraíso dos trabalhadores que nada tem a ver com os falsos profetas de antes. Na pior das hipóteses, os defensores do comunismo são vistos como equivocados, mas, em última análise, bem-intencionados.

Onde Traçamos A Linha Divisória?

Este é o cerne da questão. Enquanto o nazismo está intrinsecamente ligado aos crimes de seus seguidores, o comunismo sempre pode ser separado. Ninguém toleraria uma camiseta estampada com Adolf Hitler ou Benito Mussolini, mas o opressor Che Guevara é facilmente destacado e transformado em um símbolo de revolução.

Como o economista Murray Rothbard disse certa vez: "Não é crime ser ignorante em economia [...] Mas é totalmente irresponsável ter uma opinião ruidosa e vociferante sobre assuntos econômicos enquanto permanece neste estado de ignorância".

Precisamos dizer o mesmo sobre o comunismo. Continuar defendendo o comunismo, apesar de seu histórico sombrio, não é bem intencionado nem equivocado; é uma tentativa deliberada de promover uma ideologia comprovadamente perigosa. A história do comunismo está tão manchada de sangue quanto a do nazismo; muito mais, na verdade. É hora de tratarmos como tal.

Por Richard Mason

Original em inglês: Intellectual Takeout


Notas:

(1) - Em ciência política, a chamada "teoria da ferradura" argumenta que a extrema-esquerda e a extrema-direita, ao contrário de serem extremos opostos de um espectro político linear e contínuo, de fato acabam se aproximando, da mesma forma que o fim de uma ferradura. Maiores detalhes aqui.